Muitas barreiras que as pessoas levantam para não considerarem a bicicleta como uma opção de transporte são, na verdade, “falsas” barreiras que geralmente têm soluções simples. Abaixo, identificamos algumas falsas barreiras típicas e apresentamos possíveis soluções/sugestões e fontes de inspiração para superá-las.
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1. Clima (chuva, frio, calor)
Reação comum: “Eu não quero ficar molhado/ quente/ queimado pelo sol”.
Sugestão: O tempo é facilmente superado com a roupa e equipamento certos. Se optar por pedalar apenas em condições climáticas favoráveis, isso por si só já reduz a necessidade de muitas viagens motorizadas e proporciona os inúmeros benefícios associados à bicicleta.
Inspiração: Veja algumas dicas para andar de bicicleta no Inverno e para andar de bicicleta no calor (em inglês). Veja ainda como as crianças na Finlândia continuam a ir de bicicleta para escola mesmo com temperaturas negativas. O site da Winter Cycling Federation mostra como é possível andar de bicicleta mesmo em condições climatéricas extremas.
2. Elevação/ Subidas acentuadas
Reação comum: “A minha região/ cidade tem muitas subidas”.
Sugestão: A melhoria de saúde que pode alcançar com a bicicleta supera qualquer montanha. Ande de bicicleta no seu próprio ritmo e certifique-se de que a mudança da bicicleta está suficientemente baixa para que até as subidas mais extremas possam ser feitas com um esforço relativamente baixo. Se o seu percurso habitual tiver subidas muito íngremes, a bicicleta elétrica poderá ser uma boa opção. Algumas cidades já têm apps que, com base em dados topográficos, calculam a rota mais plana possível (por exemplo, Horizontal Cities, disponível em Lisboa).
Inspiração: Dicas Rápidos de Ciclismo para Iniciantes: Como Subir Colinas; veja também o resumo de uma conferência focada na utilização de bicicleta em cidades com relevo acentuado, promovida pela associação checa Auto*Mat e com participação portuguesa (ambos em inglês).
3. Tempo
Reação comum: “Eu não tenho tempo para ir de bicicleta para o trabalho/ escola / universidade”.
Sugestão: A bicicleta pode ser mais rápida e eficiente do que outros modos de transporte, especialmente para viagens curtas.
Inspiração: Um artigo publicado pela associação portuguesa MUBi mostra que a bicicleta é duas vezes mais rápida que o carro.
4. Aparência/ Suor
Reação comum: “O meu trabalho exige que eu use roupa formal”; “Eu suo muito”.
Sugestão: É fácil andar de bicicleta e ter boa aparência, e usar vestidos ou fatos; as bicicletas elétricas ou a integração da bicicleta com transporte público são também boas opções.
Inspiração: Veja o site Copenhagen Cycle Chic.
5. Transporte de cargas e/ou crianças
Reação comum: “Eu tenho que levar equipamentos/ cargas ou crianças para o trabalho/ escola / compras”.
Sugestão: Bicicletas com o equipamento certo (como trailers ou reboques) podem facilmente transportar carga e crianças.
Inspiração: Bicicletas de carga em Copenhaga. Veja também: Motherload – “Um retrato do movimento da bicicleta de carga como busca de liberdade e conexão num mundo movido por gasolina, digital e dividido”; e um guia para andar de bicicleta com crianças (em inglês).
6. Distância
Reação comum: “O meu local de trabalho/ universidade fica a mais de 20 km da minha casa”.
Sugestão: Longas distâncias podem ser facilmente alcançadas através da combinação de bicicleta com transporte público ou com uma bicicleta elétrica. Se não for mesmo possível ir de bicicleta para o trabalho, ainda é possível ir às compras e fazer outras viagens de bicicleta.
Inspiração: Veja as iniciativas da cidade de Vancouver para combinar o ciclismo com o transporte público (autocarro, comboio urbano/ metro, transporte marítimo, comboio expresso).
7. Poluição
Reação comum: “Eu não quero respirar a poluição do trânsito”.
Sugestão: A bicicleta melhora a saúde e não expõe os ciclistas a maior poluição atmosférica (o nível de poluição dentro de um carro é sempre maior do que o nível de poluição atmosférica ambiente). Explore rotas menos expostas ao trânsito. Por outro lado, se mais pessoas andarem de bicicleta, menor será a poluição para todos.
Inspiração: Um estudo recente publicado no Journal of American Heart Association mostra que, embora níveis mais altos de poluição estejam ligados a níveis mais altos de ataque cardíaco, o risco é menor em pessoas fisicamente ativas. Segundo a investigação, o ciclismo moderado durante quatro horas ou mais por semana reduz em 31% o risco de ataque cardíaco, independentemente da qualidade do ar. Isso significa que mesmo que as pessoas vivessem numa área poluída, o ciclismo ainda iria ser benéfico para o seu coração. Portanto, independentemente da qualidade do ar da sua cidade, é sempre melhor andar de bicicleta.
8. Outras
Outras barreiras, sobretudo aquelas que se relacionam com a segurança, são barreiras reais que exigem compromisso político e investimento em infraestrutura e educação para serem superadas.
Para mais informações, veja os restantes recursos disponibilizados.
Referências:
Arnold, T. (2017). Framework for Cycling Communications. Sidney: Australian Bicycle Council.
European Commission (1999). Cycling: the way ahead for towns and cities. Luxembourg: Office for Official Publications of the European Communities.
Johan de Hartog, J., Boogaard, H., Nijland, H., & Hoek, G. (2010). Do the health benefits of cycling outweigh the risks?. Environmental health perspectives, 118(8): 1109–1116. doi:10.1289/ehp.0901747.
Fernández-Heredia, A.; Monzón, A.; Jara-Díaz, S. (2014). Understanding cyclists’ perceptions, keys for a successful bicycle promotion. Transportation Research Part A: Policy and Practice, 63: 1-11. https://doi.org/10.1016/j.tra.2014.02.013.