O Tema

A ideia de planear cidades à escala humana não é nova. Muitos argumentam em seu favor há várias décadas. Mas nunca antes houve uma necessidade tão forte e amplamente reconhecida. Um ano após o início da pandemia COVID 19 e ainda com um futuro incerto, cidades por todo o mundo experienciaram alterações sem precedentes. As restrições impostas a centenas de cidades levaram a que as pessoas reconhecessem a importância da proximidade: a outras pessoas, às atividades quotidianas, a espaços públicos de alta-qualidade, entre outros. Planear cidades à escala humana levanta questões de qualidade de vida em ambientes urbanos que em grande parte ultrapassam preocupações com o desenvolvimento económico e com excedentes de mercado. A ênfase é colocada no papel da cidade em providenciar qualidade de vida e experiências prazerosas, abrangendo ambientes físicos e psicológicos. Esta abordagem, centrada no ser humano, foca-se na facilidade de uso do ambiente urbano e em gerar cidades dinâmicas e apropriadas ao uso humano.

O Âmbito

Para contribuir para este debate, o projeto BooST, em parceria com o CITTA (Centro de Investigação do Território, dos Transportes e do Ambiente) organizou a conferência final do projeto em associação com a 13ª Conferência de Investigação em Planeamento do CITTA. Assim, foram realizados múltiplos eventos no tema da cidade à escala humana e da bicicleta como meio para atingir este fim.

A Conferência em si dividiu-se em dois dias. O primeiro, de âmbito profissional, focou-se na implementação da bicicleta em cidades principiantes. O segundo, de âmbito científico, focou-se no planeamento da cidade à escala humana. Também no âmbito da bicicleta, foi organizado um workshop para alunos de doutoramento.

Os Eventos

Dia 1 de Julho –  Impulsionar a Bicicleta em Cidades Principiantes

Ver separador “Conferência Profissional”

Dia 2 de Julho – Planear a Cidade à Escala Humana

Ver separador “Conferência Científica”

Dia 6 de Julho – Workshop para alunos de Doutoramento – Investigação sobre Contextos de Cidades Cicláveis Principiantes

Ver separador “Workshop”

Impulsionar a Bicicleta em Cidades Principiantes

 

Dia 1 de Julho de 2021 decorreu, em formato virtual, a componente profissional da conferência final do projeto BooST. O evento decorreu em língua portuguesa.

Este dia apresentou os resultados do projeto, especificamente os resultados da implementação das ferramentas desenvolvidas para apoiar o planeamento de estratégias cicláveis. Pretendeu-se assim incentivar a discussão sobre passos a tomar na promoção da bicicleta em Portugal. O evento contou com participações de representantes municipais, de empresas na área da bicicleta, e de grupos de ativismo a favor da bicicleta.

Ao longo do dia, em adição aos resultados do projeto BooST, foram apresentadas estratégias cicláveis implementadas em cidades portuguesas e organizadas mesas redondas, para refletir sobre os resultados das ferramentas, das estratégias e as suas implicações para o futuro da bicicleta em Portugal.

Programa

Planear para a Cidade à Escala Humana

Dia 2 de Julho de 2021 decorreu, em formato virtual, a componente científica da conferência final do projeto BooST, em parceria com a 13ª Conferência sobre Investigação em Planeamento do CITTA. O dia contou com sessões plenárias e paralelas, com contribuições de vários trabalhos na área do planeamento à escala humana. Este evento decorreu em língua inglesa.

Temáticas

1.Planear para a bicicleta: Apoiar Cidades à Escala Humana.

A primeira temática explora em pormenor as complexidades desde modo de transporte. Encorajamos reflexões sobre o papel da bicicleta no processo de transição para mais cidades à escala humana e sobre as estratégias que podem ser aplicadas para facilitar a sua implementação. Reflexões sobre como ultrapassar a típica resistência à bicicleta em contextos principiantes são encorajadas.

2.A forma urbana e o ambiente: Planeamento à Escala Humana.

A segunda temática aprofunda a dimensão física de áreas urbanas e os impactos ambientais de uma multitude de sistemas que guiam as suas operações quotidianas. Aqui, a discussão é promovida em aspetos como a forma urbana e a morfologia, espaços públicos, acessibilidade local, mudanças climáticas e a cidade pós-carbono.

3.Caminhando o percurso: Desenho urbano nas Cidades à Escala Urbana.

A terceira temática procura compreender o papel do desenho urbano nas experiências diárias de áreas urbanas. Será dada especial consideração ao modo pedestre e o seu papel chave no usufruto da cidade.

4.A espacialidade de Assentamentos Urbanos: A Morfologia da Escala Humana das Cidades.

A quarta temática explora a análise espacial à grande escala da estrutura urbana, estudando aspetos como a forma urbana e a morfologia. A discussão é promovida pelo modo como a história da formação e do desenvolvimento de áreas urbanas pode guiar o futuro do processo de planeamento.

5.Planeamento Transformativo e Bem-estar: Acordos e Governança à Escala Humana.

A quinta temática tem como objetivo desenlaçar as complexas conexões entre dinâmicas de mudança urbana, planeamento transformativo e bem-estar social. Aborda alterações urbanas de múltiplas perspetivas, considerando dimensões como a economia, habitação, turismo, inclusão, e ação, e procuram perceber como as ligações entre elas podem fornecer oportunidades para promover cidades à escala humana, enfatizando o papel de acordos governamentais para planeamento transformativo.

6.Planeamento e Engenharia de Transportes: Sistemas de Mobilidade à Escala Humana.

A sexta temática propõe a reflexão em alterações decorrentes e futuras em planeamento de transportes e nos seus impactos nas necessidades humanas e de espaço. Estes podem incluir novos sistemas de apoio ao planeamento, procedimentos de modelação e integração de novas tecnologias e configuração de infraestrutura.

Programa

 

Pode aceder ao Programa detalhado aqui.

Oradores

Carlos Moreno

Carlos Moreno é o diretor científico da unidade curricular «Empreendedorismo – Território – Inovação» na Universidade Panthéon Sorbonne. Ganhou reconhecimento como um cientista com uma mente inovadora, através de trabalhos pioneiros e através da sua abordagem única sobre questões urbanas. Também é conselheiro científico de figuras nacionais e internacionais do mais alto nível, incluindo a Comissão especial sobre Cidades Inteligentes da Presidente da Câmara de Paris. Em 2019 recebeu a Medalha Prospetiva pela Academia Francesa de Arquitetura. Como resultados da sua investigação, trabalha no cerne de questões de importância internacional, trazendo uma perspetiva inovadora sobre assuntos urbanos e oferecendo soluções para os problemas enfrentados pelas cidades, metrópoles e territórios do século XXI. Alguns dos seus conceitos viajaram o mundo: a cidade Humana Inteligente, a cidade de 15min, o Território de 30min.

Marco te Brömmelstroet

Atualmente o Marco te Brömmelstroet ocupa o cargo de presidente de Futuros de Mobilidade Urbana, na Universidade de Amsterdão. Estuda como inovações de mobilidade interagem com as nossas cidades e sociedade e o papel das narrativas nestas. Como diretor fundador do Instituto de Ciclismo Urbano, desenvolveu vários projetos de investigação e educação que utilizam a bicicleta como abordagem para o estudo da mobilidade.

Workshop para Alunos de Doutoramento

No âmbito da conferência final do projeto BooST, dia 6 de Julho de 2021 decorreu um workshop para estudantes de doutoramento focado na Investigação em Cidades Principiantes no Uso da Bicicleta. O workshop teve como objetivo reunir Estudantes de Doutoramento e Mentores para discutir os principais desafios e oportunidades que afetam a investigação no uso da bicicleta.

O formato visou providenciar um fórum para a troca de ideias, alavancando a investigação e a tomada de decisão em cidades principiantes no uso da bicicleta. A primeira sessão, Plenary Roundtable, teve como objetivo introduzir os Mentores, bem como os seus interesses e trabalhos de investigação. Seguiu-se uma sessão dividida em duas partes direcionada para a apresentação da investigação dos Estudantes de Doutoramento (Students’ PhD Research Presentation). Nesta sessão, os Mentores deram feedback sobre as investigações dos Estudantes de Doutoramento. A última sessão, Bridging Research in Starter Cycling Contexts, foi um momento crucial para Estudantes de Doutoramento e Mentores discutirem problemas comuns e estabelecerem sinergias entre as diferentes investigações.

Programa

Encontre o programa detalhado here.

Mentores

Peter Cox

O professor Peter Cox dá aulas em Sociologia e Política na Universidade de Chester, no Reino Unido. Foca-se em Estudos de Movimentos Sociais e Políticas de Sustentabilidade, particularmente na área de decrescimento. Como investigador foi membro fundador do Grupo de Investigação Ciclismo e Sociedade em 2004 e um co-editor da Ciclismo e Sociedade (Ashgate 2007) que resultou do grupo. Em adição a uma grande variedade de livros académicos e artigos, esteve envolvido em vários grupos de apoio a políticas locais e nacionais em todo o globo, trabalhando com grupos comuntários de ativismo e grupos institucionais como Presidente de Cientistas da Federação Europeia de Ciclismo (European Cycling Federation). Foi bolseiro Internacional da bolsa Leverhulme em 2014, com o tema “Developing interdisciplinary research methods in cycling and the environment”, trabalhando no Centro Ambiental e da Sociedade Rachel Carson (Rachel Carson Center for Environment and Society), em Munique.

Livros recentes incluem “Cycling: a sociology of Vélomobility” (Routledge 2019) e “The Politics of Cycling Infrastructure” (Policy Press 2020) [co-editado com Till Koglin, Universidade de Lund]. Atualmente está a terminar uma monografia sobre ativismo para a bicicleta (a ser publicada por Routledge 2022). Antes de reentrar o ramo académico no fim doa anos 90, geriu o seu próprio negócio especializado na bicicleta, trabalhando com designs inovadores para necessidades específicas e organizando festivais para a bicicleta. Também desenhou e construiu as suas próprias bicicletas reclinadas e competiu com elas em campeonatos mundiais.

Pedro Malpica

Nascido em Sevilha. Investigador social, previamente professor de ciências sociais na Universidade de Sevilha e Universidade Pablo de Olavide. Ativista sobre mobilidade sustentável e cidades habitáveis. Estudou Sociologia e Cienência Políticas na Universidade Complutense, em Madrid. Fez o Doutoramento na Universidade de Sevilha, com a tese no tema de ciclismo urbano.

Rosa Félix

Investigadora na área da mobilidade urbana em bicicleta. Concluiu o Doutoramento em Sistemas de Transportes em 2019 pela Universidade de Lisboa – Instituto Superior Técnico (programa MIT Portugal), e é Mestre e Licenciada em Engenharia do Território em 2012 e 2010 pela Universidade Técnica de Lisboa – Instituto Superior Técnico. A sua tese de Mestrado focava-se na definição de perfis de utilizador de bicicleta e modelação de percursos de bicicleta numa cidade de orografia desfavorável. Integrou a equipa de elaboração do Plano de Mobilidade Ciclável do Município de Loulé, e trabalhou no desenho e integração rede europeia de cicloturismo EuroVelo em Portugal. Foi Visiting Scholar na Portland State University em 2017/18, onde desenvolveu competências a nível de programação e análise de dados geoespaciais aplicado a transportes e modos activos. É actualmente investigadora Pós-doutoramento no Instituto Superior Técnico (CERIS), e membro do laboratório U-Shift.