Acabam de ser divulgados os resultados definitivos do Inquérito à Mobilidade (IMob) conduzido pelo INE em 2017 nas Áreas Metropolitanas do Porto (AMP) e de Lisboa (AML).

 

 

 

O inquérito foi respondido por quase 100 mil habitantes das duas áreas metropolitanas, subdividindo-se em três partes:

  • caracterização da população residente na perspetiva da mobilidade (população móvel), incluindo informação socioeconómica e despesas com a mobilidade;
  • análise da mobilidade na área metropolitana considerando as deslocações totais realizadas, segundo a residência do respondente, e as deslocações intrametropolitanas (origem e destino na área metropolitana);
  • opiniões dos residentes, evidenciando razões para utilização do transporte individual e público, bem como a avaliação efetuada sobre os transportes públicos.

Num momento em que a transição em direção a sistemas de mobilidade mais sustentáveis recebe crescente atenção por parte de investigadores, planeadores e movimentos populares em Portugal, os resultados do IMob 2017 confirmam a prevalência de um modelo de mobilidade centrado no uso do automóvel, que foi o principal meio de transporte usado nas deslocações realizadas pelos residentes nas áreas metropolitanas do Porto (com 67,6% das deslocações) e de Lisboa (58,9%).  A insustentabilidade deste modelo é reforçada pela taxa de ocupação do automóvel que foi de 1,56 pessoas na AMP e de 1,60 na AML.

As deslocações por modos suaves (pedonal ou de bicicleta) surgem como a segunda forma de locomoção mais expressiva no total das deslocações, registando um peso conjunto de 18,9% na AMP e de 23,5% na AML, sendo o uso de bicicleta residual nos dois casos (com uma repartição modal de 0,4% na AMP e 0,5% na AML).

A utilização de transportes públicos e/ou coletivos como principal meio de transporte representa 11,1% das deslocações na AMP e 15,8% na AML.

Considerando as especificidades das deslocações por bicicleta como principal modo de transporte, é interessante notar que, na AMP, elas duram em média 35,9 minutos para uma distância média de 9,5 km, por comparação às viagens a pé que duram em média 24,5 minutos para uma extensão média de 2,3 km. Na AML, a bicicleta como principal modo implicou uma duração média de 36,2 minutos para percursos médios de 8,8 km, enquanto o modo pedonal foi utilizado para deslocações com duração média 17,0 minutos e extensão média de 1,5 km.

Na AMP, a Póvoa do Varzim é o município com maior percentagens de deslocações de bicicleta como forma de transporte (1,96%), seguido de Oliveira de Azeméis (1,56%). Na AML, essa percentagem é maior em Cascais (1,41%), seguido de Alcochete (1,31%).

Os dados agora divulgados vêm reforçar a relevância do projeto BooST no sentido de atender às necessidades específicas e impulsionar a utilização da bicicleta em cidades principantes, como é caso das cidades portuguesas onde a repartição modal da bicicleta é muito inferior a 10%.

O relatório completo e respetivas bases de dados estão disponíveis aqui.

 

Resultados do Inquérito à Mobilidade nas Áreas Metropolitanas do Porto e de Lisboa